De acordo com a leitura da obra O
príncipe, não podemos afirmar que hajam respostas absolutas. Para embasar nosso
argumento acerca desse assunto recorreremos a algumas partes do texto que
possam ilustrar.
Primeiramente diríamos que Maquiavel
sempre se utiliza de casos e pessoas reais, sejam elas da sua época ou não,
para formular suas respostas de como conquistar e manter os principados. Ele
faz uma espécie de análise dos principados que deram certo e dos que decaíram
ao longo da história e aponta os erros e/ou acertos do príncipe. Um exemplo
disso é quando Maquiavel fala sobre os principados mistos e usa o exemplo de
Luís: “Luís cometeu, portanto, cinco erros: acabou com menos poderosos,
fortaleceu ainda mais um poderoso da Itália (o Papa), chamou um estrangeiro
poderosíssimo, não veio habitar na Itália e não fundou colônias [...]”
(MAQUIAVEL, s.d. p. 39).
Maquiavel não se preocupa em dar respostas
ou receitas prontas tiradas de sua própria cabeça ou baseadas em teorias, ele
analisa os principados e suas problemáticas e assim aponta os erros e os
caminhos que podem ser percorridos para conseguir o poder e mantê-lo.
Não é interessante pensar que Maquiavel
dá respostas absolutas em O Príncipe, porém, ele sugere caminhos, atitudes e
estratégias para a conquista e a manutenção dos principados. Um ponto
interessante sobre essas atitudes ou caminhos sugeridos por Maquiavel é na
página 45 quando ele fala acerca dos principados que antes de serem ocupados se
regiam por leis próprias:
Quando se conquistam estados que se governam por suas
próprias leis e vivem em liberdade, existem três modos de conservá-los: o
primeiro é aniquilá-los; o outro é ir habitá-los pessoalmente; e o terceiro
deixá-los viver sob suas leis, cobrando-lhes tributo e organizando um governo
de poucas pessoas que se conservem fiéis ao conquistador. (MAQUIAVEL, s.d. p.
45)
Nesse
parágrafo que lemos podemos observar que ele sugere resoluções para a
manutenção do principado, mas não podemos afirma que haja respostas absolutas
para as questões abordadas por ele. Até pelo fato de existir inúmeros tipos de
principados, e, para cada principado existe uma orientação de como o Príncipe
deverá agir na conquista e na manutenção de forma a conservá-lo e exercer seu
poder sem o risco de perdê-lo.
Por exemplo, quando ele fala das causas
que levaram os príncipes da Itália a perderam seus estados, no Capítulo XXIV.
Ele vai falar que “um príncipe novo é muito mais observado do que aquele que
recebe o governo por herança […]; em seguida ele vai falar sobre o Rei de
Nápoles e o Duque de Milão que perderam seus estados. (MAQUIAVEL, s.d. p. 118).
O que reforça mais uma vez que, não encontramos respostas absolutas na leitura
de O príncipe de Maquiavel.
2. HÁ UMA REFUNDAÇÃO DO PODER POLÍTICO EM O PRÍNCIPE.
Maquiavel com sua obra O príncipe,
concentra-se nas técnicas que um político de sucesso deve se utilizar para
alcançar seus objetivos, e para isso, deve buscar essas convicções com força e
coragem e empregando qualquer meio que seja necessário.
É possível compreender que há uma
refundação sim do poder político em o príncipe, principalmente porque ele usa
muitos exemplos de principados que caíram por causa da utilização de
estratégias de governo erradas. Sejam por falta ou por excesso de da parte do
príncipe.
Não podemos usar o conceito de justa
medida ou ética para falar acerca da forma de governar defendida por Maquiavel
em O Príncipe, porém a proposta elencada por ele ao longo dessa obra é uma
refundação do poder político no que se refere às instâncias do poder, a forma
como esse poder é aplicado e as estratégias para manter o principado e o poder
sobre os homens.
É possível observar que Maquiavel não
defende a tirania, não porque ele defenda o direito inalienável à liberdade,
mas por considerar as tiranias instáveis, cruéis e inconstantes.
REFERÊNCIA
MAQUIAVEL,
Nicolau. O príncipe (Trad. Antonio Caruccio-Caporale). São Paulo: L&PM
Editores: Porto Alegre, 2011.
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